Advogada Ana Carolina Porto defende que sustentabilidade da profissão está diretamente atrelada ao uso cada vez maior das ferramentas digitais

Ana Carolina Porto, Advogada

O advogado foi ensinado a pensar no processo apenas como um meio para alcançar a satisfação do direito do seu cliente, mas para aqueles que administrem uma carteira de processos, os dados que podem ser extraídos vão muito além deste fim individualizado. A partir do seu cruzamento é possível extrair informações relevantes que auxiliarão os gestores na tomada de decisões, elevando a percepção de valor sobre o serviço prestado.

Conseguir demonstrar ao cliente que práticas estão lhe trazendo maiores condenações, que filial está lhe expondo a maior risco, ou ainda quanto deixou de gastar seja através de uma negociação bem sucedida ou através da implantação de prática que mitigue o risco de litígio são formas eficazes de implementação da inteligência artificial, ou BI, ao seu favor.

O conceito de BI consiste na coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte à gestão de negócios.

Com isso, extraímos riscos envolvidos, oportunidades de melhoria, gaps de crescimento, representando meio de valoração dos problemas que o cliente enfrenta na gestão de seu negócio.

Na condução de uma carteira trabalhista, por exemplo, conseguimos identificar onde estão concentrados os pedidos, em que funções temos o maior número de reclamações, e com isso sugerir medidas para mitiga-los, reduzindo esses passivos, passando de um mero administrador de problemas para uma fonte de resultados.

Se para grandes clientes os resultados são indiscutíveis, na gestão do próprio escritório essa ferramenta também pode ser extremamente útil.

Com o seu uso é possível identificar, dentre inúmeras outras informações, em que área do Direito há um maior acúmulo de demandas, ou o meio mais comum de encerramento dos processos (como acordo ou sentença, por exemplo) e a partir daí definir estratégias de atuação, foco na identificação de clientes etc.

Diante desta nova realidade, nós, advogados, que já resistimos muito ao uso de ferramentas que prometem reduzir o trabalho burocrático, por receio da “robotização” da advocacia, precisamos nos despir de preconceitos a assumir que a sustentabilidade da profissão está diretamente atrelada ao seu uso.

Ana Carolina Porto, Advogada