
Nova disciplina, aberta não somente para estudantes de Direito da USP, vai debater protagonismo feminino e equidade de gênero no setor
A Faculdade de Direito (FD) da USP, em São Paulo, uma das mais tradicionais do País, demonstra como o ambiente acadêmico no Direito ainda é predominantemente masculino. Criada em 1827, juntamente com os cursos jurídicos no Brasil, em quase 200 anos de existência apenas uma mulher exerceu o cargo de diretora: a professora Ivette Senise Ferreira (1998-2002).
A presença feminina no quadro de professores também não é expressiva: dos 152 docentes, apenas 27 são mulheres. E entre os 40 titulares, elas são apenas quatro. Para estimular a naturalização da liderança feminina no direito, um grupo de professoras da FD oferece, desde o dia 19 de agosto, uma disciplina optativa de graduação sobre o tema.
A novidade é que além dos alunos da USP, qualquer pessoa poderá acompanhar as aulas pelo canal no YouTube da faculdade. O encerramento está previsto para o dia 2 de dezembro. Essa será a primeira disciplina da Faculdade de Direito a ser aberta on-line. Além disso, haverá participação de estudantes de Direito da Unesp. A informação está no Jornal da USP.
A disciplina será lecionada pelas professoras Nina Ranieri, Ana Eliza Bechara, Sheila Cerezetti e Susana Costa, e terá como colaboradoras as professoras Paula Forgioni e Eunice Prudente. Contará ainda com a participação das ouvidoras de gênero Mariangela Magalhães, da Faculdade de Direito (FD) da USP, e Eliana Franco Neme, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP.
Serão abordados três eixos: a equidade de gênero na academia, trazendo conceitos-chave na área, lideranças femininas e equidade de gênero no mercado de trabalho. Também será trabalhado o direito das mulheres no Brasil. Por fim, será realizada uma cartilha sobre equidade de gênero, na qual haverá um manual de cuidado de gênero. A matéria pretende trazer uma análise mais acadêmica ao tema, além de incentivar a produção de artigos.
As aulas contarão com a participação de convidadas. No primeiro eixo, terá o apoio da Ouvidoria de Gênero da Faculdade de Direito, com a “Rede Não Cala!”, que explicará noções sobre o que é assédio. No segundo eixo, abordará as lideranças femininas nos âmbitos executivo, legislativo e judiciário, com a participação de mulheres e homens da área. Uma das convidadas será a deputada Tabata Amaral (PDT-SP).
A professora Ranieri explica que no ambiente acadêmico a diferença de gênero se torna mais visível a partir da docência. “A primeira mulher a estudar na Faculdade de Direito da USP só o fez no início do século 20, quase 100 anos depois de sua criação. E uma das primeiras doutoras da faculdade é a Esther de Figueiredo Ferraz, que terminou seu doutorado no começo de 1960”.
FONTE: Jornal da USP | FOTO: Pixabay