
A prisão nesta quinta-feira (11), em Londres, do fundador do site WikiLeaks Julian Assange tem tudo para ser mais um grande imbróglio internacional. Os agentes da polícia britânica foram autorizados pela embaixada do Equador a entrar na sede diplomática do país, onde o ativista esta exilado desde 2012. O governo de Quito cancelou o asilo do australiano e suspendeu a cidadania equatoriana que havia lhe concedido, segundo noticiou reportagem do jornal O Globo.
A polícia de Londres confirmou, segundo o jornal, que Assange foi preso em resposta a um pedido de extradição das autoridades americanas e também em nome da Justiça britânica, que havia pedido a detenção do ativista, antes da concessão do asilo na embaixada, por ele ter violado as condições de liberdade condicional impostas no âmbito de uma investigação de estupro na Suécia.
“Julian Assange, de 47 anos, foi hoje, 11 de abril, preso por agentes da Polícia Metropolitana na embaixada do Equador”, confirmou a polícia de Londres, que relatou ter sido chamada à embaixada depois da retirada do asilo. O australiano foi levado a uma delegacia no centro de Londres, onde permanecerá, segundo a polícia, até ser levado ao Tribunal de Magistrados de Westminster “o quanto antes”.
Assange, conta a matéria, se refugiou na embaixada equatoriana em Londres em 2012, para evitar ser extraditado para a Suécia, onde as autoridades queriam interrogá-lo como parte de uma investigação de agressão sexual. Essa investigação foi mais tarde descartada, mas o WikiLeaks teme que os Estados Unidos queiram processar seu líder pelo vazamento de documentos confidenciais de diplomacia e de Defesa.
O fundador do Wikileaks, que não saía do local desde 19 de junho de 2012, recebeu o apoio do ex-presidente Rafael Correa, que lhe concedera o asilo. “Lenín Moreno, nefasto presidente do Equador, demonstrou sua miséria humana ao mundo”, escreveu Correa no Twitter.
Edward Snowden, ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança americana que também é alvo dos EUA por vazar documentos secretos sobre programas de vigilância de Washington, denunciou um “dia sombrio para a liberdade de imprensa”.
As relações de Assange com seus anfitriões mudaram desde a mudança na Presidência do Equador. Em março, o governo acusou o fundador do WikiLeaks de vazar informações sobre a vida pessoal do presidente Lenín Moreno, que sucedeu Rafael Correa. Moreno apontou que Assange violou os termos do seu asilo.
Em vídeo no Twitter, nesta quinta-feira, Moreno confirmou que o Equador “soberanamente” cancelou o asilo diplomático de Assange porque o ativista “violou reiteradamente disposições expressas das convenções sobre asilo”. Segundo o presidente, o australiano violou sobretudo a norma de “não intervir em assuntos de outros Estados”. O líder de Quito ressalvou que o australiano não será extraditado para países que poderiam condená-lo à pena de morte. Londres acolheu a condição.
Nesta quarta-feira, segundo a reportagem de O Globo, o Wikileaks denunciou que Assange fora alvo de uma sofisticada operação de espionagem na embaixada equatoriana. Segundo o grupo, vídeos, áudios, fotografias, cópias de documentos legais e até mesmo um relatório médico apareceram na Espanha, onde um grupo ameaçou publicar a menos que recebesse € 3 milhões (R$ 12,9 milhões).
Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, disse, na ocasião, que aumentavam as tentativas de expulsar Assange da embaixada. Ele não deu provas de suas afirmações, mas apontou que a vigilância fazia parte de um complô com intenção de conseguir extraditar Assange para os Estados Unidos.
O WikiLeaks enfureceu Washington ao publicar centenas de milhares de telegramas diplomáticos secretos americanos que continham críticas depreciativas a líderes mundiais, como o presidente russo, Vladmir Putin, e membros da família real saudita.
Assange apareceu nas manchetes internacionais no início de 2010, quando o WikiLeaks publicou o vídeo de um ataque de helicópteros Apache (modelo de ataque com visão noturna e sensores sensíveis de alvo) que matou 12 pessoas in Bagdá, capital do Iraque, em 2007. Entre os mortos estavam dois repórteres da Reuters. O vídeo era informação confidencial do Exército americano.
Mais tarde naquele ano, o grupo divulgou mais de 90 mil documentos secretos detalhando a campanha militar liderada pelos EUA no Afeganistão, seguido por quase 400 mil relatórios militares internos dos Estados Unidos detalhando as operações no Iraque. Em seguida, mais de 250 mil telegramas confidenciais de embaixadas dos EUA vieram à tona, assim como quase três milhões de mensagens do tipo de 1973.
FONTE: O Globo | Foto: Reprodução Internet