Durante os últimos oito anos, o Facebook cedeu dados pessoais de usuários para grandes companhias como Amazon, Spotify, Microsoft e Yahoo.

A entrega dessas informações foi feita sem autorização e colocou, nas mãos dessas empresas, conversas privadas, lista de amigos e preferências, conforme revelou investigação feita pelo jornal americano The New York Times.

Além das já citadas, outros 150 empreendimentos – a maioria do ramo de tecnologia e sites de entretenimento – tiveram acesso a essas informações. A informação é do portal GaúchaZH.

O vazamento contradiz a política de dados que o próprio Facebook criou, na qual afirma que não comercializa dados, apesar de trabalhar com membros externos, como mostra o excerto abaixo.

“Trabalhamos com parceiros externos que nos ajudam a fornecer e a aprimorar nossos Produtos ou que usam as Ferramentas de Negócios do Facebook para ampliar os negócios, o que possibilita a operação de nossas empresas e o fornecimento de serviços gratuitos para pessoas do mundo inteiro. Não vendemos nenhuma de suas informações para ninguém e jamais o faremos. Também impomos fortes restrições sobre como nossos parceiros podem usar e divulgar os dados que fornecemos.”

Professor da Faculdade de Informática da PUCRS e membro da Comissão Especial em Segurança de Sistema da Sociedade Brasileira de Computação, Avelino Zorzo acredita que o vazamento tenha afetado, também, os brasileiros:

“É muito pouco provável que nossas informações não tenham sido utilizadas para ações de marketing personalizada e direcionada, afinal, estamos nessa rede e usamos os aplicativos disponibilizados por ela”, disse.

O especialista explica as consequências do caso e dá dicas de como se proteger na rede de Mark Zuckerberg.

O que significa o vazamento de dados pessoais de usuários do Facebook?

O Facebook coleta muitas informações a nosso respeito. Cada curtida, cada compartilhamento e interação revelam muito sobre nossas preferências e intenções. Quando isso é vazado ou cedido, nossa privacidade está sendo invadida. Como resultado, somos bombardeados por anúncios direcionados, e as empresas podem até mesmo moldar a opinião pública, como foi o caso da Cambridge Analytica.

Que informações o Facebook retém dos usuários?

Quando completamos o cadastro ele sabe nosso email, endereço, telefone, lista de amigos, fotos e notícias compartilhadas além de todas as informações relacionadas às interações. Todo esse histórico fica registrado nos arquivos do Facebook. Em princípio, eles usam esse material para melhorar a experiência na rede, mas, muitas vezes, isso pode ser utilizado como mercadoria no mercado digital, que é o que temos observado.

O usuário está exposto a que tipo de risco?

Quando conversamos pelo microfone do aplicativo de chat do Facebook, ele pode captar informações que não queremos compartilhar, por exemplo. Temos de ter cuidado e saber a que estamos dando acesso. É preciso ler e entender as implicações dos termos de uso para saber se estamos dando de graça dados que não gostaríamos que fossem acessados por terceiros.

Que consequências esses vazamentos podem trazer?

As pessoas precisam compreender que a plataforma é gratuita, mas pagamos para estar lá por meio de informações a respeito do nosso comportamento. Essa é a moeda de troca. Eles nos dão a ferramenta de graça, mas entregamos informes valiosos sobre nós e isso pode ser usado de maneira comercial. No fim, o problema é ser influenciado a uma compra ou por determinada opinião sem se dar conta desse processo.

O que pode ser feito para preservar a segurança quem tem perfil no Facebook?

Primeiramente, o Facebook precisa ser mais explícito quanto ao compartilhamento de dados. Ele precisa dizer o que é dividido e com quem. Uma opção é a plataforma emitir um relatório mensal sobre quantas empresas viram e tiveram acesso ao perfil do usuário, isso ajudaria a aumentar a transparência frente à comunidade mundial. No que diz respeito a precauções das pessoas: não fazer o download de qualquer aplicativo; não compartilhar informações sigilosas no chat; acessar as configurações de privacidade do perfil e não o deixar como público; limitar o acesso que os famosos testes de Facebook solicitam.

FONTE: GaúchaZH

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