Desenvolvedores de aplicativos são, em sua maioria, homens e jovens. No entanto, uma pessoa está colocando esse estereótipo à prova: Masako Wakamiya, uma senhora japonesa de 82 anos considerada pela Apple a programadora mais idosa do planeta.
Masako é a criadora do aplicativo Himadan. O produto é um game baseado em um festival japonês chamado Hinamatsuri (dia das bonecas, em tradução livre). A informação é da Época Negócios.
Nesta data, celebrada normalmente em 3 de março, bonecas tradicionais do país são dispostas em degraus. Em cada fileira, os objetos representam diferentes figuras, como o imperador e a imperatriz, serviçais e músicas.
A programadora participou, nesta quarta-feira (28/11), do Fórum de Inovação da Mastercard América Latina, em Miami Beach, nos Estados Unidos.
A japonesa fez sua carreira como bancária. Trabalhou por 43 anos no Mitsubishi Bank, um dos mais conhecidos do país. A empresa faz a aposentadoria compulsória dos funcionários que chegam aos 60 anos de idade. Em 1997, Masako foi “convidada a se retirar” do emprego. “Mas não queria parar de trabalhar. Queria fazer mais coisas”, afirma.
Ao sair do banco, assumiu a tarefa de tomar conta de sua mãe, à época com 90 anos. “Pensei que um computador me ajudaria a me manter conectada com o mundo e fazer contatos. Decidi comprar um”, diz. Na época, ela pagou cerca de US$ 1 mil no equipamento.
Conforme foi aprendendo a mexer no PC, Masako começou a dar aulas de informática para seus vizinhos. Comunicativa, ela foi uma usuária bastante assídua de sites de bate-papo. Ela também é a criadora do Mellow Club, uma comunidade de idosos que conversa online. “Com a internet, aprendi a me comunicar com o mundo”, afirma Masako.
Em 2016, aos 80 anos, ela decidiu criar um game. “Nenhum jogo no mercado pensa na terceira idade. Eles são muito difíceis de jogar. Portanto, decidi criar o Hinadan, pensando em pessoas como eu. É um jogo simples, mas divertido.”
Apesar da vontade de criar o Hinadan, Masako não sabia absolutamente nada sobre desenvolvimento de software. “Fuçou” e aprendeu a programar em Swift, uma linguagem criada pela Apple e usada no sistema operacional do iPhone, o iOS.
Durante o desenvolvimento, Masako foi auxiliada por um programador da cidade japonesa de Sendai. Ela fez esse contato em 2011, enquanto fazia trabalho voluntário na região, afetada por um terremoto e um tsunami de grandes proporções. No total, a japonesa levou 6 meses para lançar o Hinadan.
Seu trabalho com o aplicativo rendeu a Masako um convite para ir ao WWDC, o maior evento da Apple para desenvolvedores de software que rodam em seus produtos.
A disposição de Masako em incluir digitalmente pessoas idosas e sua carreira de programadora também fizeram com que a japonesa se transformasse em palestrante, viajando o mundo contando sua história.
Nos próximos anos, a japonesa quer traduzir o Hinadan para o máximo possível de línguas — hoje o game também está disponível em inglês — e ajudar idosos a desfrutar os benefícios da tecnologia. “Quero ajudar as pessoas a usar o celular e o computador. Também quero trabalhar para ajudá-las a ser mais criativas”, diz.
FONTE: Época Negócios | Foto: Reprodução Internet