
Relatório enviado ao Supremo afirma que Ciro recebeu propina da JBS para apoiar Dilma em 2014
A Polícia Federal afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido propina da JBS.
De acordo com a PF, a empresa frigorífica teria feito os pagamentos para que o PP apoiasse a reeleição da então presidente Dilma Rousseff em 2014.
Agora, cabe à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se apresenta denúncia contra o ministro, se pede o arquivamento do caso ou se solicita a realização de mais medidas para aprofundar as investigações. A defesa do ministro diz estranhar o relatório, baseado “somente em delações”.
Segundo a PF, parte do repasse da JBS a Nogueira foi feito por meio de doação eleitoral oficial e outra parte foi repassada em dinheiro vivo por intermédio do supermercado do irmão do ministro.
No relatório, a corporação diz que os fatos apontam que Nogueira e os executivos da JBS não mantinham “relação republicanas entre um dirigente de um partido político —que deseja apoio financeiro para sua legenda— e um importante empresário”.
A polícia diz que o dono da empresa, Joesley Batista, gravou uma conversa que teve com o político em sua residência e que na ocasião também estava presente Ricardo Saud, à época um dos diretores da frigorífica.
“Depois de ouvir o conteúdo do áudio, resta evidente que não se tratou de uma visita de cortesia a um amigo ou mesmo um jantar. Tão pouco foi uma reunião de negócios lícitos. A reunião foi marcada por Joesley Batista, para entregar uma mala contendo R$ 500 mil em espécie para Ciro Nogueira”, afirma a corporação.
A defesa de Ciro Nogueira afirmou que “estranha o relatório da Polícia Federal, pois a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa”.
“Continuamos à disposição do Poder Judiciário com plena convicção que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não mais se sustenta”, disse o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro por meio de nota.
Segundo a PF, Nogueira disse em depoimento que as doações da JBS ao PP foram feitas de forma legítima, assim como faziam outras empresas na época.
A polícia, entretanto, contesta essa tese do ministro da Casa Civil. “Faz mais sentido entender e acreditar que os R$ 40 milhões doados pela JBS ao PP nada mais eram que o repasse de dinheiro ilegal, que tinha o propósito específico de ‘comprar’ o apoio do PP para as eleições de Dilma Rousseff”.
FONTE: Folha de São Paulo | FOTO: Folhapress