
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (20) que a nação brasileira não estava pedindo um golpe aos militares.
A declaração foi dada durante julgamento da denúncia contra o “núcleo 3” no processo que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Durante a leitura de seu voto, o ministro relator citou a carta assinada por oficiais da ativa das Forças Armadas, divulgada após as eleições daquele ano. O documento afirmava que os militares não abandonariam a nação.
“A nação não estava pedindo aos militares. A nação sabe, e por isso o comandante do Exército negou participar do golpe, que as forças armadas não são um poder moderador”, afirmou Moraes.
As investigações apontam que a carta foi uma tentativa de parte dos militares de pressionar o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, a apoiar a trama golpista.
Ele havia se colocado contrário a qualquer atitude ilegal para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder e, segundo a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), este teria sido um dos principais motivos para a não consumação de um golpe.
Na segunda-feira (19), o ex-comandante prestou depoimento ao STF como testemunha e afirmou que a carta representava “sem dúvida” uma tentativa de ruptura institucional.
Ele classificou o documento como “inaceitável” e “inconcebível” dentro da hierarquia militar, destacando que manifestações políticas por militares da ativa violam os princípios das Forças Armadas.
A Primeira Turma do STF começou a julgar nesta terça a denúncia contra 11 militares e um policial federal que integravam o “núcleo 3” da tentativa de golpe de Estado em 2022.
Segundo as investigações, o grupo era responsável pelas ações táticas do suposto plano golpista, incluindo exercer pressão sobre o alto comando das Forças Armadas para aderirem ao golpe.