O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira (19) que ainda é cedo para falar em qualquer mudança na taxa básica de juros e que o BC precisará manter a Selic em nível elevado por mais tempo.

“Dado o que aconteceu no ano passado, dado o nível de desancoragem que a gente tem das expectativas, a gente tem consciência que desta vez nós precisamos permanecer nesta taxa de juros por mais tempo num patamar restritivo”, afirmou Galípolo durante evento do Goldman Sachs em São Paulo. A autoridade Monetária ainda pontuou que a possibilidade de redução do juros não está em debate no Comitê de Política Monetária, o Copom.

Desde setembro do ano passado, o colegiado do Banco Central já realizou seis aumentos consecutivos da Selic, que acumula elevação de 4,25 pontos percentuais, indo a 14,75% ao ano – o maior nível em quase duas décadas.

Na ata da última reunião, o Copom manteve em aberto os próximos passos e repetiu a mensagem do comunicado sobre a necessidade de cautela e flexibilidade. O patamar elevado tem como objetivo arrefecer a economia, mas os impactos ainda não foram sentidos.

A chamada prévia do PIB, o IBC-Br, divulgado pelo próprio Banco Central, superou as expectativas. O índice trouxe uma alta de 0,8% em março, acumulando 1,3% no trimestre. O dinamismo da economia é um dos pontos que chamam a atenção do presidente do Banco Central.

“Como você convive com a taxa de juros em um patamar que, para qualquer outro país, seria bastante restritivo? E, ainda assim, você está assistindo o nível de desemprego mais baixo da série histórica, o nível de renda mais alto da série histórica, você tem uma série de dados que estão aí demonstrando uma economia de dinamismo alto, apesar de estar convivendo com taxas de juros que seriam entendidas como bastante restritivas em qualquer outra economia”, pontuou Galípolo.

Entre os analistas, a expectativa é de que a alta dos juros comece a fazer efeito ainda neste ano, o que levou as últimas projeções no Boletim Focus para o IPCA de 2025 serem revistas para baixo, após meses de alta. Em março, a inflação oficial registrada em 12 meses foi de 5,48%, distante do teto da meta de 4,5%.

Durante o evento, Gabriel Galípolo reforçou o compromisso da instituição: “o Banco Central vai perseguir a meta de inflação, nosso mandato é esse, colocar a taxa de juros num patamar restritivo suficiente, pelo tempo que for necessário, para perseguir a meta de inflação”.

FONTE: CNN Brasil | FOTO: Alessandro Dantas