O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse em entrevista ao jornal O Globo que o movimento pró-anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro tem como objetivo beneficiar os mentores dos atos antidemocráticos. O decano tem sido um dos interlocutores nas discussões sobre o futuro dos condenados. Para ele, o STF não deve revisar as penas dos condenados, mas o que pode haver é uma análise de casos individuais em que se justifique a progressão.

Gilmar disse que, ainda que os exemplos usados pelos interessados na anistia sejam pessoas como a cabeleireira que pichou a estátua do STF com batom (para justificar supostos exageros da corte), o movimento tem outra mira.

“Não podemos minimizar se pensamos em matar o presidente da República [Lula], o ministro do Supremo [Alexandre de Moraes], o vice-presidente da República [Geraldo Alckmin], em eliminar a cúpula do Poder Executivo. Não sei se podemos imaginar fatos mais graves do que esses”, declarou.

Ação necessária
Gilmar Mendes também rebateu, na entrevista, a fala do ministro Luiz Fux, de que o Supremo tinha julgado os primeiros casos do 8 de janeiro sob forte emoção. Gilmar acredita que a Suprema Corte fez o que era necessário.

“Não acho que nós sejamos pessoas submetidas a fortes emoções. Normalmente, não é o nosso caso. É evidente que era um fato muito grave. Eu mesmo acompanhei, acho que na gestão ainda do ministro Fux, aquela descida da rampa pelos manifestantes, aquele 7 de setembro de 2021. Vimos todo o risco. Eu imaginava que se essas pessoas tivessem rompido aquela barreira do Itamaraty e acessado a Praça dos Três Poderes poderiam eventualmente invadir o Supremo. Certamente, ele deve ter memórias disso”, disse.

Sobre as tratativas com o Congresso para buscar uma solução para o projeto de anistia, Gilmar ressaltou que há um bom diálogo, principalmente com Davi Alcolumbre (presidente do Senado), Hugo Motta (presidente da Câmara) e com a presidência da República. Porém, ainda será necessário aguardar os resultados. “Tem muita espuma, mas nós estamos num momento de bons diálogos”, concluiu.

FONTE: Conjur | FOTO: STF