A Netflix disse na sexta-feira (7) que irá contestar uma ação multimilionária por danos apresentada por uma mulher escocesa que alega ter sido difamada pelo sucesso global “Bebê Rena”.

Fiona Harvey está buscando um julgamento com júri e uma indenização totalizando US$ 170 milhões por “angústia mental, perda de prazer na vida e perda de negócios”, de acordo com uma queixa apresentada no Tribunal Distrital do Distrito Central da Califórnia.

Na minissérie da Netflix, o comediante Richard Gadd conta a “história real” de ser perseguido por uma mulher que o bombardeia com mais de 40 mil e-mails e centenas de horas de mensagens de voz.

“Bebê Rena” está no topo das listas dos mais assistidos em todo o mundo desde sua estreia em abril, gerando manchetes e especulações sobre os personagens e quem os inspirou.

Harvey, que foi rapidamente rastreada por detetives online que a rotularam de “verdadeira Martha Scott”, apareceu no programa do YouTube “Piers Morgan Uncensored” no começo de maio para dizer que sua vida estava arruinada.

O processo lista a Netflix e a Netflix Worldwide Entertainment como réus, além de apontar Gadd, que estrela a minissérie em sete partes como o comediante Donny Dunn.

O documento alega que os réus e Gadd contaram a “maior mentira da história da televisão” ao alegar que a história era verdadeira.

Harvey também acusa a Netflix e Gadd de mentirem “por ganância e luxúria” para ganhar dinheiro e para “destruir cruelmente” a sua vida, “uma mulher inocente difamada numa magnitude e escala sem precedentes”.

Numa declaração à CNN Internacional, um porta-voz da Netflix disse: “Pretendemos defender este assunto vigorosamente e defender o direito de Richard Gadd de contar a sua história”.

Gadd contou pela primeira vez sua experiência com um suposto perseguidor no Festival Fringe de Edimburgo em 2019, antes de a Netflix encomendar a minissérie em 2021.

Em um ensaio para a plataforma de streaming, ele disse que a situação era “confusa” e “complicada”, mas acreditava que a história precisava ser contada.

Richard Gadd como Donny Dunn e Jessica Gunning como Martha Scott em “Bebê Rena” / Ed Miller/Netflix
Na quinta-feira (6), Gadd e Jessica Gunning, que interpreta Scott, apareceram no “The Tonight Show” da NBC para falar sobre o enorme sucesso do thriller.

“Tive esse tipo de sucesso quase intercultural que eu nunca esperei, porque é tão singular e muito idiossincrático, é muito londrino, e é uma história tão estranha, uma história estranha e traumática”, disse Gadd. Ele ainda não comentou publicamente a ação judicial.

Gadd disse anteriormente ao jornal britânico The Guardian que a história é “muito emocionalmente verdadeira. Mas queríamos que ela existisse na esfera da arte, bem como protegesse as pessoas em que se baseia”.

No entanto, seus repetidos pedidos para que os espectadores parassem de tentar descobrir as identidades reais das figuras de sua história não foram ouvidos.

A denúncia de Harvey alega que a Netflix não fez nenhum esforço para confirmar qualquer um dos supostos fatos do programa, incluindo que a suposta stalker de Gadd foi condenada a cinco anos de prisão por perseguição. Na série, a personagem de Gunning também é vista agredindo sexualmente Gadd.

Na denúncia, Harvey disse que poucos dias após a exibição do programa ela começou a receber mensagens, incluindo ameaças de morte, identificando-a como a suposta perseguidora de Gadd.

O documento afirma que, como resultado do programa, Harvey tem medo de sair de casa ou de conferir as notícias.

“Ela sentiu e continua a sentir ansiedade, pesadelos, ataques de pânico, vergonha, depressão, nervosismo, dores de estômago, perda de apetite e medo, estresse extremo e doenças, tudo causado diretamente pelas mentiras contadas sobre ela”, diz o documento.

FONTE: CNN Brasil | FOTO: Reprodução