A advocacia brasileira está passando por uma forte renovação, com a maioria dos advogados sendo jovens entre 24 e 44 anos.

Em um momento de transformações profundas na sociedade brasileira, a advocacia emerge como um campo especialmente representativo dessas mudanças. A advocacia brasileira está atualmente caracterizada por uma predominante juventude, na qual 55% têm de 24 a 44 anos.

O panorama é parte dos resultados do PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, pesquisa pioneira realizada pela OAB em parceria com a FGV.

A predominância da jovem advocacia é seguida por 24% de advogados entre 45 a 59 anos e 21% com 60 anos ou mais. A média de idade geral dos advogados é de 44 anos, mas diminui em grupos específicos como mulheres, pretos, e aqueles com menor renda familiar.

Dentre o total dos advogados, as mulheres têm uma média de idade de 42 anos, enquanto a média para advogados pretos é de 41 anos. Aqueles com renda familiar até dois salários-mínimos possuem uma média ainda mais baixa, de 38 anos, e para advogados que não têm filhos e os solteiros, as médias são de 36 e 35 anos, respectivamente.

Geograficamente, as regiões Norte e Nordeste apresentam as médias de idade mais jovens, ambas com 41 anos, em contraste com o Sudeste, onde a média sobe para 47 anos.

Os Estados de Roraima, Maranhão, Piauí e Sergipe destacam-se com as menores médias de idade, todas abaixo de 40 anos, enquanto o Rio de Janeiro registra a maior média de idade entre os advogados, com 50 anos. Além disso, advogados que atuam exclusivamente no interior têm uma média de idade de 43 anos.

Atratividade do Direito
A juventude da área reflete, em parte, sua atratividade como campo profissional. Levantamento realizado pelo Observatório Febraban em julho de 2023 revelou que 69% dos brasileiros consideram a profissão de advogado como uma das mais prestigiadas no país. Em sintonia com essa percepção, dados do último Censo da Educação Superior, divulgados pelo SEMESP em 2022, mostram que o curso de “Negócios, Administração e Direito” é o mais procurado entre os estudantes universitários. Esta preferência ocorre mesmo em um contexto onde o Brasil se destaca como o país com a maior densidade de advogados no mundo, com uma proporção de um advogado para cada 164 habitantes, segundo a OAB em 2022.

Diante deste cenário de expansão quantitativa, a OAB tem expressado preocupações com a qualidade da formação jurídica. Nos últimos anos, a entidade tem destacado os desafios decorrentes da proliferação de cursos de Direito, que somavam 1,8 mil em 2022. A grande quantidade de advogados formados contrasta com a baixa taxa de aprovação no Exame da Ordem, ressaltando a necessidade de medidas para garantir que a educação jurídica no país mantenha padrões rigorosos de excelência.

A juventude predominante na advocacia brasileira não apenas reflete o contínuo prestígio e a renovação da profissão, mas também destaca a urgente necessidade de modernização do ensino jurídico. A OAB enfatiza a importância de manter altos padrões educacionais para garantir a competência técnica e científica dos futuros profissionais da área.

O estudo
O PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira fornece uma visão abrangente e inédita sobre a profissão de advogado no Brasil. O estudo foi desenhado para captar uma série de dados demográficos e profissionais dos advogados brasileiros, com o objetivo de informar gestores, educadores e empregadores sobre o estado atual e as perspectivas futuras da advocacia no país.

Com uma metodologia quantitativa baseada em questionários de autorresposta online, o estudo coletou dados de 20.885 profissionais, representativos dos mais de 1,37 milhão de advogados registrados na OAB.

A pesquisa foi conduzida de 28 de agosto a 15 de outubro de 2023, e seus resultados foram apresentados durante a 24ª Conferência Nacional da Advocacia em Belo Horizonte.

As áreas temáticas abordadas pela pesquisa incluem características sociodemográficas, atuação profissional, saúde e qualidade de vida, uso de tecnologia, respeito às prerrogativas e aos honorários, além de opiniões sobre as condições gerais para a prática da advocacia no Brasil. A pesquisa também explorou como os advogados utilizam os serviços oferecidos pelo sistema da OAB.

O estudo foi uma iniciativa do Conselho Federal da OAB, sob a presidência de Beto Simonetti e coordenação do vice-presidente Rafael Horn, encomendado ao Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Justiça que, por sua vez, convidou o professor Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe – Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, para a coordenação técnica do projeto.

FONTE: Migalhas | FOTO: Reprodução/Proxima Studio