
Tudo mudou. É impossível olhar para nossa história e não notar as pequenas e grandes transformações trazidas pela pandemia da COVID-19. É certo que já estávamos vivenciando uma sequência de mudanças conduzidas pela Revolução 4.0, que vinha remodelando a maneira por meio da qual nos relacionamos, fazemos negócios e trabalhamos. No entanto, o “Novo Normal” acentuou essa velocidade de transformações e afetou brutalmente o status quo coletivo.
Como resposta a tais mudanças, dentre as diferentes áreas sociais afetadas, destaco o mercado de trabalho. Este, em pouco tempo, se viu diante da necessidade de atender a um novo perfil de consumo, compreender e processar uma tempestade de dados e se inserir na nova realidade digital, que já é habitação de 81% (oitenta e um por cento) dos brasileiros.
No último texto deixei a seguinte provocação: “o que um Papa com twitter representa para os dias atuais? E como uma startup unicórnio com apenas 16 meses de existência pode influenciar sua vida?”. Pode parecer algo desconexo, mas eu os mencionei com objetivo bem definido. Os dois exemplos anunciam em altíssimo tom os novos movimentos que delineiam a sociedade atual.
De início, o diagnóstico do presente revela um cenário de hiperconectividade global, centralização da tecnologia e inteligência de dados. Esse conjunto de características inaugura uma era de maior inteligência e velocidade na indústria. Como consequência, a relação do setor produtivo com o tempo e resultado alterou significativamente. Se em outras épocas era necessário às empresas anos de experiência e gestão para atingir alto valor de mercado, as startups têm tomado cada vez mais espaço e demonstrado que essa equação não precisa ser linear.
É o caso da Loft, startup brasileira atuante no mercado imobiliário que, por meio da transformação digital, facilita os processos de compra e venda de imóveis. A startup, em apenas 16 (dezesseis) meses de vida, foi avaliada em preço de mercado no valor superior a 1 (um) bilhão de dólares, fator que a consagrou o título de startup a se tornar unicórnio mais rápida do Brasil. Além disso, a Loft recebeu o maior aporte da história entre as startups nacionais. O valor do investimento foi de U$ 425 (quatrocentos e vinte e cinco) milhões, equivalente a mais de 2 (dois) bilhões de reais.
Em capítulos passados da história seria difícil imaginar tamanho sucesso nesse curto espaço de tempo. Essa realidade só é possível em decorrência das fronteiras rompidas ou distendidas pela Indústria 4.0, através da tecnologia, internet e Big Data. O mais importante é saber que, aproveitar-se desses elementos na atualidade não se trata mais de uma diferenciação e sim de uma necessidade para sobrevivência de um negócio.
O crescimento da referida startup nos tensiona a aplicar cada vez mais o pensamento exponencial para o desenvolvimento dos nossos projetos, demonstrando que atualmente a proporção não deve ser 1:1 se o objetivo for ocupar nosso espaço no mercado.
E não para aí. Essas mudanças em movimento influenciam estruturas que ultrapassam o setor industrial. Cada vez mais os smartphones e a internet tornam-se elementos centrais na convivência e interação social. Esse fenômeno arrasta um número cada vez maior de pessoas, instituições e governos para dentro do universo digital e das redes sociais, que assumem o papel de aproximação destes com os indivíduos.
É nesse contexto que uma conta do twitter administrada pela maior autoridade da igreja católica representa surpreendentemente nada além do normal. Natural. Rotineiro. Afinal, a sujeição dos dias atuais às redes sociais nos levou a um cenário em que estar fora do universo digital significa quase igualmente estar fora do universo físico. Mas, precisamos confessar, não é engraçado (ou surreal) pensar que estamos a uma mensagem de distância do Papa?
É na leitura dessas mudanças que, gradativamente, passamos a compreender melhor as novas modulações sociais, industriais e mercadológicas e, empoderando-nos desse conhecimento, nos preparamos para essa nova economia.