
O Índice Bovespa ficou muito volátil ontem, sexta-feira, reduzindo parte das perdas no fim do pregão, embora tenha fechado a semana com a maior queda desde março, fruto da percepção de piora das expectativas fiscais com a proposta do governo de mudar no Congresso o formato da Regra de Ouro do Teto de Gastos. A notícia da permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, fez o dólar desfazer a alta e também percebeu-se redução dos juros, mas um consenso de piora do cenário econômico se mantém, expresso, também, pelas revisões para cima das projeções de alta da Selic.
No cenário mundial, Wall Street fechou a semana sem definição, marcada pela temporada de divulgação de resultados corporativos que trazem balanços positivos, acima das expectativas, mas ainda preocupada com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que disse que inflação nos EUA está “bem acima da meta” e que caminha firmemente para o corte de estímulos. A decepção com a divulgação de resultados da Intel e da Snap pesou no Nasdaq 100, que caiu 0,87%. Na semana, o Nasdaq subiu ganharam 1,08%, o S&P 500 +1,64% e o Dow Jones +1,37%.
O Ibovespa caiu só ontem 1,34% e desceu aos 106.296 pontos acumulando perda semanal de 7,24%, a maior desde o início da pandemia, refletindo preocupações do mercado com riscos fiscais e das demissões na equipe da Economia. O dólar futuro recuou 0,24%, mas subiu 3,26% na semana. A curva de juros encerrou sem definição, com a maior alta do DI para o período 2023, de 37 pontos-base.
Em semana tão ruim no Ibovespa, apenas três papéis encerraram com alta. A Klabin unit que subiu 4,40%, a Suzano ON +3,71%, subiram com a alta do dólar futuro, que favorece empresas exportadoras e as Lojas Americanas PN, +1,88%, conseguiu manter parte dos ganhos obtidos na segunda feira, quando anunciou reorganização societária. As ações que registraram queda foram as ações da Inter PN e unit, -21,39% e -20,17%, respectivamente; a Méliuz ON, -21,01%; e EZTec ON que caiu 18,53%, refletindo as precupações com juros futuros.
Cenário perfeito para quem gosta de “mamar numa onça” e operar vendido. Pra mim não dá. Aqui é BR e nada fica tão ruim que não possa piorar. Levar tudo pro caixa e fazer trades mais pontuais.
Fernando Amaral possui 25 anos de experiência em finanças corporativas com passagem em empresas multinacionais como Coats Correntes, Souza Cruz, Oi. Foi professor de Finanças na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e atualmente leciona finanças e economia em universidades de âmbito estadual e nacional.
Instagram @professorfernandoamaral