
Regimes autoritários aproveitam preocupação global com Covid para aumentar repressão à imprensa, segundo CPJ
O número de jornalistas encarcerados ao redor do mundo por razões ligadas à atividade profissional bateu recorde em 2021: pelo menos 293 estão presos. O aumento da cifra, que no ano passado era de 280, está relacionado a regimes autoritários que, da América Latina à Ásia, ganharam fôlego nos últimos anos. A informação é da Folha Online.
O levantamento e a análise são do CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), organização global que monitora o assunto há mais de quatro décadas. Relatório lançado nesta quinta-feira (9) mostra ainda que 24 jornalistas foram assassinados ao longo deste ano devido à profissão.
Na raiz do problema, avalia o comitê, está uma tendência crescente de intolerância à mídia. E há regimes que se aproveitam de preocupações sociais latentes, como a pandemia, para acirrar a repressão.
“Em um mundo preocupado com a Covid e tentando priorizar questões como a emergência climática, governos repressivos sabem que a indignação pública com as violações de direitos humanos irá esfriar, enquanto governos democráticos têm menos apetite para retaliar política e economicamente [os Estados que perseguem jornalistas]”, diz o comitê em um trecho do relatório.
O líder em números absolutos de jornalistas atrás das grades por exercerem seu trabalho é o regime liderado por Xi Jinping. Com 50 profissionais presos, a China é seguida por Mianmar (26), Egito (25), Vietnã (23), Belarus (19) e Turquia (18). A Eritreia lidera a região da África Subsaariana, com 16 detidos. Já na América, o primeiro lugar fica com Cuba, com três jornalistas encarcerados.
O único caso brasileiro no relatório é o do jornalista esportivo Paulo Cezar de Andrade Prado, sentenciado a mais de cinco meses de prisão em regime semiaberto por difamação contra o empresário Paulo Sérgio Menezes Garcia, ex-vice-presidente do Corinthians.
FONTE: Folha Online | FOTO: AFP